Investigação
“Não vou buscar meu filho na prisão, deixei ele na clínica”, diz mãe de interno
Mãe denuncia uso de filho paciente em sequestro em Goiânia (Foto: Freepik)
Contrato, comprovantes de pagamento e conversas gravadas obtidas com exclusividade pelo Mais Goiás indicam que um dos internos da clínica envolvida no sequestro de uma mulher, em Goiânia, pode ter sido coagido a participar da ação por um ex-coordenador do Espaço Terapêutico Dom da Vida, localizado em Trindade. O caso, ocorrido no último domingo (2/11), teria sido orquestrado pelo pai da vítima, que buscava interná-la à força após desentendimentos familiares relacionados à herança deixada pela avó.
Em um dos áudios, um funcionário conversou com a mãe do jovem que está internado no local há três meses admite que um dos homens preso em flagrante durante a “remoção” possui laudo psiquiátrico. Segundo ele, o jovem foi levado para a ação sob orientação e autorização do ex-coordenador, que estava de folga no dia, mas comandou a operação à distância, inclusive enviando áudios com instruções sobre como conter a vítima e conduzi-la até o carro. “Ele saiu com o carro escondido, com outros acolhidos, mas com autorização do Renan”, afirmou o atual responsável em conversa gravada. No entanto confirma que as chaves do carro teria sido entregue pelo ex-funcionário ao interno para fazer o serviço.
A mãe do interno, rebateu a tentativa do coordenador de minimizar o caso e reforçou que a própria fala dele confirmava a contradição. “Então ele não saiu escondido, saiu com autorização do Renan. O senhor acabou de dizer isso”, respondeu.O funcionário admite que sim, o jovem saiu com autorização e também confirmou que o carro usado na ação estava alugado para à clínica e era frequentemente utilizado em outras remoções. Apesar disso, tentou isentar a instituição de responsabilidade, afirmando que o episódio “não foi autorizado oficialmente” então afirma, “o coordenador autorizou a saída com o carro, com mais um acolhido e outro rapaz que trabalha com remoção.
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A mãe do interno afirmou que o filho está em tratamento psiquiátrico e que foi internado com o objetivo de receber cuidados médicos, não para realizar serviços. Em desespero, ela cobrou providências da clínica. “Meu filho tem laudo psiquiátrico. Eu deixei ele aí sob cuidado da clínica, e agora ele tá preso. Quero que tirem ele da cadeia”, disse, chorando.
Ela afirmou ter entregue o laudo à direção no momento da admissão e que não havia autorização para o filho sair da unidade. “Ele foi usado. Me garantiram que não seria colocado nesse tipo de situação”, declarou. Durante a conversa, o coordenador afirmou que a clínica tentaria pagar fiança para liberar o jovem, mas a Justiça não autorizou a medida no momento da prisão. O caso segue sendo tratado com base na Lei Maria da Penha, já que envolve violência contra mulher, e o jovem responde pelos crimes de lesão corporal e cárcere privado, previstos no Código Penal.
O Mais Goiás entrou em contato com o Espaço Terapêutico Dom da Vida, que não quis se pronunciar, no entanto o espaço permanece aberto para manifestações. .
A mulher foi resgatada pela Polícia Militar e, segundo os agentes, apresentava lesões compatíveis com contenção física. A reportagem tentou contato com o delegado responsável pelo caso, mas ainda não obteve retorno até a última atualização desta matéria.
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Fonte: Mais Goiás











