RIO DE JANEIRO E SÃO PAULO (FOLHAPRESS) – A secretaria de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro realizou nesta quarta-feira (12) a transferência de sete presos, considerados líderes do Comando Vermelho, para penitenciárias federais.
O pedido de transferência havia sido feito pelo governador Cláudio Castro (PL) ao governo federal após a operação Contenção, que deixou 121 mortos no dia 28 de outubro, e a represália do CV nas ruas. A lista inicial tinha dez presos.
Os detentos listados pelo governo são suspeitos, segundo a gestão, de decidirem pela reação da facção nas ruas logo após a operação.
A transferência foi decidida pelo juiz titular da VEP (Vara de Execuções Penais), Rafael Estrela Nóbrega.
Os sete saíram da penitenciária Laércio da Costa Peregrino, conhecida como Bangu 1, até o aeroporto do Galeão, onde embarcaram em aeronaves da Polícia Federal rumo aos presídios federais, cujos nomes e localizações não foram informados pelo governo.
A ação, segundo a gestão Castro, é coordenada com o Ministério da Justiça através da Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais).
“É uma ação estratégica para preservar a ordem pública e assegurar a tranquilidade da população fluminense”, disse Cláudio Castro em nota.
Os sete presos transferidos são:
- Arnaldo da Silva Dias (“Naldinho”) – condenado a 81 anos, 4 meses e 20 dias
- Carlos Vinicius Lírio da Silva (“Cabeça de Sabão”) – condenado a 60 anos, 4 meses e 4 dias
- Eliezer Miranda Joaquim (“Criam”) – condenado a 100 anos, 10 meses e 15 dias
- Fabrício de Melo de Jesus (“Bicinho”) – condenado a 65 anos, 8 meses e 26 dias
- Marco Antônio Pereira Firmino da Silva (“My Thor”) – condenado a 35 anos, 5 meses e 26 dias
- Alexander de Jesus Carlos (“Choque”) – condenado a 34 anos e 6 meses
- Roberto de Souza Brito (“Irmão Metralha”) – condenado a 50 anos, 2 meses e 20 dias
Ao menos cinco — Choque, Irmão Metralha, My Thor, Criam e Cabeça do Sabão— dos sete detentos já passaram por unidades prisionais federação, e depois retornaram para presídios estaduais.
Segundo a polícia, Choque e Irmão Metralha atuavam nos complexos da Penha e do Alemão; My Thor, um dos traficantes mais antigos do CV, atua desde a década de 1990 e é oriundo do Santo Amaro, na zona sul.
Criam, ainda segundo a polícia, é uma liderança da facção na Baixada Fluminense e Cabeça do Sabão atua no morro do Sabão, em Niterói, região metropolitana.
Celas individuais e modelo ‘supermax’
Atualmente, há cinco penitenciárias federais em funcionamento no país, localizadas em Brasília (DF), Porto Velho (RO), Mossoró (RN), Campo Grande (MS) e Catanduvas (PR). As unidades abrigavam, segundo dados do primeiro semestre deste ano, 555 presos, de acordo com painel da Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais), do Ministério da Justiça e Segurança Pública. A capacidade do sistema é de 1.040 vagas.
O sistema federal sempre opera com vagas em aberto, para ter possibilidade de organizar as chegadas e saídas de presos dos sistemas estaduais. A configuração das cinco penitenciárias federais no Brasil foi inspirada no modelo americano chamado de supermax, cuja unidade pioneira foi inaugurada em 1983, em Marion, no estado de Illinois. O objetivo era criar regras rígidas de reclusão e controle, além da possibilidade de transferências de presos, e passou a funcionar no Brasil com a inauguração de Catanduvas em 2006.
Nelas, os presos ficam isolados em celas individuais de aproximadamente 7 m², e têm direito a banho de sol de duas horas por dia e assistência médica, odontológica, social, de educação, religiosa e jurídica.
Caso cometam infrações, crimes ou quebrem regras, podem ser direcionados ao Regime Disciplinar Diferenciado, sem benefícios como banho de sol coletivo, feito na própria cela, de 12 m².
Em fevereiro do ano passado, uma fuga na unidade de Mossoró, até então inédita no sistema, inaugurou a primeira crise na gestão de Ricardo Lewandowski à frente da pasta da Justiça.
Reportagem da Folha mostrou que ao menos cinco integrantes do Comando Vermelho que o governo governo Castro pediu para que fossem transferidos já passaram em algum momento por unidades federais.
Já lideranças do CV como Fernandinho Beira-Mar e Marcinho VP estão nesses locais. Marcola, apontado como chefe do PCC (Primeiro Comando da Capital), também está no sistema.
Fonte: Mais Goiás











