PLANOS PARA O FUTURO
O pedido de casamento foi feito em julho deste ano
Ruth Rocha e Almiro Osvaldo (Foto: Reprodução)
O angolano Almiro Osvaldo Martins, de 21 anos, que recebeu um bilhete com ofensas racistas enquanto trabalhava como zelador em um colégio de Anápolis, marcou a data do casamento com a professora Ruth Rocha Santos da Silva. O casal oficializou a data do cartório nesta quinta-feira (28), em meio à grande repercussão do caso. A cerimônia religiosa está prevista para o dia 20 de dezembro.
Ao Mais Goiás, Ruth contou que o pedido de casamento foi feito em 13 de julho, no dia do aniversário dela. Segundo a professora, Almiro, “como um verdadeiro cavalheiro”, pediu sua mão ao pai dela antes de fazer o pedido, repetindo o gesto que havia feito quando iniciaram o namoro, em 17 de maio.
A história dos dois começou pouco depois de Almiro desembarcar no Brasil. Natural de Angola, ele viveu um período em Portugal antes de vir ao país para estudar, em abril deste ano. Duas semanas após a chegada, participou de um culto em uma igreja onde Ruth estava. O irmão dele, que já havia trabalhado com a professora, fez a apresentação. A aproximação foi rápida, e o namoro começou pouco depois.
“O Almiro é um homem de caráter invejável, corajoso, estudioso e muito respeitador. Minha família sempre demonstrou um gigantesco amor por ele”, afirma Ruth.
Caso do bilhete racista
O crime ocorreu na quarta-feira (26), quando Almiro encontrou um pedaço de papelão com uma mensagem racista deixada no local onde trabalhava, no Colégio Objetivo Prime Kids. “Não sei você, mas eu tenho nojo da sua raça. Preto brasileiro é diferente, vai embora, africano de merda”, dizia o bilhete.
Muito abalado, ele pediu demissão no mesmo dia e registrou boletim de ocorrência. A escola repudiou o ato em nota e disse apoiar as investigações.
Segundo Ruth, o marido estava feliz no emprego, onde trabalhava desde junho, e sempre foi bem recebido por pais, colegas e diretores. “Ele nunca havia passado por racismo ou xenofobia antes”, relata.
Ela afirma ainda que não acredita que o crime tenha sido cometido por gestores, docentes ou alunos, e ressalta que a escola tem colaborado com a apuração. “Em nenhum momento a direção pediu para que ele abafasse o caso. Eles estão dando suporte tanto ao Almiro quanto às investigações”, diz.
Planos profissionais e projeto social
Ruth contou à reportagem que, assim que estiver mais estabilizado, Almiro pretende retomar os estudos e se dedicar ao projeto que o casal vem desenvolvendo.
A iniciativa é voltada para adolescentes e jovens do continente africano que não têm acesso a oportunidades de estudo em seus países de origem. O sonho dos dois é ampliar o alcance do projeto e transformar vidas por meio da educação.
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Fonte: Mais Goiás











