GRATIDÃO
Sargento do Bope que tentou salvar Rodrigo Cabral detalha o resgate em meio ao fogo cruzado na Mata da Vacaria, na Penha
Imagens de drone mostram policial segundos antes de ser morto por criminosos em megaoperação do Rio — Foto: Reprodução / Fantástico
O irmão do policial civil Rodrigo Cabral, de 34 anos, morto na operação realizada no dia 28 na Penha e no Complexo do Alemão, esteve na tarde de quarta-feira no quartel-general do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). Marcos Cabral, de 32 anos, foi agradecer pessoalmente ao sargento Aroldo Evangelista, identificado nas imagens aéreas do dia da ação enquanto se arrastava sob tiros e explosões para tentar alcançar Rodrigo. A operação deixou 121 mortos, entre eles quatro policiais.
“Se não fosse os agentes que se esforçaram para socorrer meu irmão, talvez nem uma despedida digna nós teríamos tido”, disse Marcos. “Ele arriscou a vida dele para tentar salvar a do meu irmão. Eu precisava agradecer.”
Rodrigo tinha dois meses na Polícia Civil, era lotado na 39ª DP (Pavuna), casado e pai de uma menina de 10 anos. Antes de ingressar na corporação, trabalhava na área de telecomunicações e estudou por quatro meses para o concurso. A família não sabia que ele participaria da operação.
Marcos relatou a rotina de proximidade entre os irmãos e contou que visitou a delegacia onde Rodrigo trabalhava para buscar seus pertences, além de ir ao Bope para agradecer aos policiais envolvidos no resgate. Rodrigo costumava publicar fotos com a família e frequentava jogos do Botafogo, seu clube de preferência.
O resgate
O sargento Aroldo Evangelista foi o responsável pela aproximação ao corpo de Rodrigo na Mata da Vacaria. As imagens gravadas por drones mostram o momento em que ele rasteja para retirar o policial da área de confronto. Ao GLOBO, Aroldo descreveu o cenário como um dia de combate intenso e afirmou que a prioridade era retirar o colega, independentemente de ele ser da Polícia Civil.
“Independente de ser da polícia civil, é um companheiro nosso. E a gente não vai deixar ninguém para trás nunca”, disse o sargento.
Aroldo explicou que decidiu deixar temporariamente uma posição de segurança mais elevada para tentar alcançar Rodrigo, enquanto a equipe era alvo de tiros e granadas.
“Quando chegamos, fomos atacados pelos marginais com granadas. Eles dispararam fogo. Eu consegui um abrigo e rastejei até o nosso camarada”, afirmou.
Ele detalhou que abandonou a estratégia inicial e avançou usando a técnica de rastejo. Segundo o sargento, granadas explodiam próximas e cada deslocamento precisava ser calculado.
“Tive que repensar a estratégia, sair de trás da pedra e usar a técnica de rastejo para chegar até ele e tentar puxar ele”, contou.
A equipe conseguiu levar Rodrigo até uma parte da mata com algum resguardo, onde aguardou reforços e atendimento médico.
“Eu pensava que tinha que dar um jeito de tirar ele dali. Ele estava bem próximo dos criminosos… se eu ficasse um pouquinho mais exposto, eles iam ter essa visão”, relatou.
Registros da operação e depoimentos posteriores indicam que grupos criminosos usaram armamento pesado, drones e barricadas, o que elevou o risco enfrentado pelas equipes que atuaram no resgate.
Via O Globo
Fonte: Mais Goiás











