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Lola, a brasileira que se alimentou apenas de hóstia por 60 anos

A impressionante história de Floripes Dornellas de Jesus, mais conhecida como Lola, voltou a chamar a atenção de fiéis e estudiosos. A brasileira que se alimentou apenas de hóstia por mais de 60 anos será tema de um estudo conduzido pelo Núcleo de Pesquisa em Espiritualidade e Saúde (Nupes), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). O caso, que une fé, mistério e ciência, intriga especialistas há décadas e mantém viva a devoção popular em Rio Pomba (MG), cidade onde ela viveu.

Fé que desafiou a ciência

Lola passou quase sete décadas acamada, depois de um acidente na adolescência. Ao cair de um pé de jabuticaba, fraturou vértebras lombares e ficou paraplégica. A partir de então, sua vida tomou um rumo completamente inesperado: gradualmente, perdeu o apetite, a sede e o sono. Poucos anos depois, deixou de comer e beber completamente, passando a se sustentar apenas da Eucaristia, recebida diariamente.

O fenômeno é conhecido como inédia eucarística, em que a pessoa sobrevive unicamente pela comunhão eucarística, sem necessidade de alimentação comum. Casos semelhantes foram relatados ao longo da história cristã, envolvendo santos como Santa Catarina de Sena e São Nicolau de Flüe, mas o de Lola é um dos mais duradouros já registrados.

Foto: Redes Sociais/Reprodução

Segundo o psiquiatra Alexander Moreira-Almeida, coordenador do Nupes, o objetivo da pesquisa é compreender os aspectos fisiológicos e espirituais que envolveram a vida de Lola. Também participam do estudo o gastroenterologista Julio Chebli, ex-reitor da UFJF, e o médico Cláudio Bomtempo, que foi o responsável por acompanhar Lola durante cinco anos.

A “Serva de Deus” de Rio Pomba

Nascida em 27 de junho de 1911, na cidade de Mercês (MG), Lola mudou-se ainda jovem com a família para Rio Pomba, onde viveu até sua morte, em 9 de abril de 1999. Mesmo paraplégica, encontrou na fé uma força capaz de transformar sua dor em missão.

Dedicada ao Sagrado Coração de Jesus, ela decidiu consagrar sua vida à oração e à evangelização. Mesmo acamada, passou a receber romeiros em sua casa, que a procuravam em busca de bênçãos, curas e graças. Com o aumento do número de visitantes, o local se tornou um ponto de peregrinação e, ao longo dos anos, passou a ser chamado de Recanto da Lola.

Lá, ela mantinha uma rotina de oração intensa. Relatos afirmam que não dormia, passando as noites em adoração e intercessão pelos fiéis. Apesar de décadas acamada, não apresentava escaras, algo incomum em pessoas que passam tanto tempo imóveis.

Foto: Redes Sociais/Reprodução

O reconhecimento da Igreja

A fama de santidade de Lola cresceu rapidamente, e, em 2005, o Vaticano reconheceu oficialmente seu testemunho de fé, concedendo-lhe o título de “Serva de Deus” — o primeiro passo para uma futura beatificação. O processo foi autorizado pela Congregação para a Causa dos Santos, em Roma, e aguarda novos encaminhamentos para avançar.

Mesmo após sua morte, o Recanto da Lola continua sendo um dos principais destinos religiosos da Zona da Mata mineira. O quarto onde ela viveu permanece preservado, com seus móveis, objetos pessoais e fotografias. O local recebe milhares de visitantes todos os anos, especialmente no dia 9 de abril, data de sua morte, que se tornou feriado municipal em Rio Pomba.

Diversos milagres e curas são atribuídos à intercessão de Lola. Fiéis relatam graças alcançadas após pedidos feitos por cartas ou orações dirigidas a ela. Nos primeiros anos após o acidente, era comum que pessoas viajassem longas distâncias para visitá-la em busca de ajuda espiritual.

Foto: Redes Sociais/Reprodução

Com o tempo, porém, por orientação de padres e bispos, as visitas presenciais foram sendo restringidas. Mesmo assim, a devoção continuou crescendo, e até hoje, eventos religiosos em sua homenagem chegam a reunir mais de 5 mil pessoas.

Entre a fé e o mistério

A história da brasileira que se alimentou apenas de hóstia por mais de 60 anos continua a despertar fascínio entre estudiosos e religiosos. Médicos que a acompanharam afirmam que, mesmo sem comer, beber ou dormir, Lola não apresentava sinais graves de desnutrição ou desidratação.

Para o Nupes, investigar esse caso é uma oportunidade de aprofundar o diálogo entre ciência e espiritualidade, entendendo como fenômenos místicos podem coexistir com a fé e a biologia humana.

Foto: Redes Sociais/Reprodução

Legado de santidade

Mais de duas décadas após sua morte, Lola segue viva na memória e no coração dos fiéis. Seu exemplo de entrega, amor e fé absoluta inspira milhares de pessoas em todo o Brasil.

Hoje, o Recanto da Lola permanece como símbolo de esperança e devoção, e muitos acreditam que é apenas uma questão de tempo até que a Igreja reconheça oficialmente sua santidade.

“A privação de comida e bebida não era o motivo da santidade dela; eram apenas sinais da presença de Deus em sua vida eucarística”, afirmou o médico Cláudio Bomtempo, que a acompanhou por anos.

Foto: Redes Sociais/Reprodução

*Com informações do G1 e Gazeta do Povo



Fonte: Mais Goiás

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