Home / Recentes / Marconi teria indicado empresa citada em suspeitas de irregularidades no restauro do Jockey de SP, diz UOL

Marconi teria indicado empresa citada em suspeitas de irregularidades no restauro do Jockey de SP, diz UOL

Reportagem do UOL aponta que o presidente nacional do PSDB, ex-governador de Goiás e conselheiro do Jockey Club de São Paulo, Marconi Perillo, teria indicado a produtora cultural goiana Elysium para gerir parte dos R$ 83,6 milhões em verbas públicas destinadas ao restauro da sede centenária do clube. Segundo documentos obtidos pelo UOL, o caso envolveria uso duplicado de notas fiscais, pagamentos a empresas com vínculos familiares e empresariais e custeio de despesas pessoais. Perillo nega veementemente qualquer envolvimento.

De acordo com o UOL, a suspeita central é o reaproveitamento de notas para justificar simultaneamente R$ 22,4 milhões da Lei Rouanet (verba federal) e R$ 61,2 milhões do TDC (Transferência do Direito de Construir), incentivo municipal. A Prefeitura de São Paulo rejeitou as contas, abriu auditoria e a Controladoria-Geral do Município analisa o caso, inclusive quanto à eventual devolução de recursos. A reportagem afirma ainda que as prestações de contas do TDC repetem documentos da Rouanet, o que contraria a regra segundo a qual “um projeto pode ter diferentes fontes de fomento, mas uma mesma nota não pode ser usada duas vezes para prestar contas”, nas palavras de uma especialista ouvida.

Segundo o UOL, a Elysium, de João Carlos e Wolney Alfredo Unes, e do pai deles, Sebastião Unes, foi credenciada como OSC (Organização Social de Cultura) em Goiás em 2014 por decreto de Marconi Perillo. Entre as contratadas, a Sapé, que tem como sócia Débora Perillo (prima do tucano) e funciona no mesmo endereço da Elysium, teria recebido por aluguel de gerador enviado para Santo Antônio de Goiás, sem relação com a obra no Jockey, conforme a publicação. A rede de fornecedores citada inclui ainda a Biapó Construtora, cujo fundador é sócio dos donos da Elysium na Biapó Urbanismo, e a Vidal Construtora, que, conforme documentos mencionados pela reportagem, recebeu R$ 11,2 milhões, mas não funciona nos endereços oficiais, ambos residenciais; o UOL destaca que a taxa de condomínio do imóvel paulista (R$ 1.735) teria sido paga com verba do restauro. Já o escritório Ambiência Arquitetura e Restauro consta como recebedor de R$ 1 milhão, mas nega o serviço, afirmando ter trabalhado para o Jockey, “nunca no valor mencionado e no escopo do TDC”.

Nas notas ligadas à Rouanet, o UOL cita despesas em restaurantes, hotéis, confeitarias e farmácias, incluindo jantares em casas como Osaka e Dom Mariano, compras de chá-mate e sal de frutas, contas de água e serviços diversos em Goiânia. O Ministério da Cultura informou que custos administrativos são permitidos quando necessários e proporcionais, sem teto para refeições e hospedagens, mas veda o reembolso de bebidas alcoólicas; a Elysium afirmou que “não houve consumo de álcool pago com recursos públicos”. O MinC disse ainda que apura o caso com a prefeitura, mas que “até o momento não foram identificadas inconsistências financeiras graves nos projetos concluídos”.

O Jockey atravessa crise financeira com dívidas que superam R$ 800 milhões, já enfrentou proposta de desapropriação e teve o pedido de recuperação judicial suspenso; nesse cenário, Marconi Perillo, como conselheiro, atua para negociar os débitos do clube. Apesar dos valores movimentados, a visita do UOL constatou que a Tribuna 1, que teria recebido R$ 7,7 milhões, ainda apresenta vidros quebrados, buracos no teto e fiação exposta.

Ao UOL, Marconi Perillo “negou veementemente” ter indicado a Elysium, classificando a ligação como “coincidência”. Disse conhecer Débora “apenas de vista” e declarou: “Não participei de nenhuma escolha […] Qualquer ligação com meu nome é uma leviandade absurda”. O presidente do Jockey, Marcelo Motta, afirmou que “devido ao seu caráter privado, quem o Jockey contrata diz respeito apenas a ele”. Em nota, a Elysium disse atuar em conformidade com a Lei Rouanet, com aprovação e acompanhamento do MinC e do Iphan, que “é inverídica qualquer vinculação […] a eventuais indicações políticas” e que mantém atuação independente, pautada por ética, transparência e rigor técnico.

Leia a nota da Elysium Sociedade Cultural enviada ao UOL na íntegra:

A Elysium Sociedade Cultura esclarece que, desde o início de sua atuação no Jockey Club de São Paulo, em 2018, tem conduzido todos os projetos de restauro em estrita conformidade com as normas da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), com aprovação prévia e acompanhamento técnico do Ministério da Cultura e do Iphan. Todas as etapas de execução e prestação de contas encontram-se disponíveis no Sistema de Acompanhamento da Lei de Incentivo à Cultura (Salic), garantindo total rastreabilidade e fiscalização dos recursos empregados.

É importante ressaltar que há já várias ações desenvolvidas no Jockey com prestação de contas aprovadas pelo MinC, o que evidencia não haver qualquer irregularidade nas contratações realizadas pela Elysium. As empresas prestadoras de serviço foram selecionadas com base em critérios técnicos e de especialização comprovada em obras de restauro do patrimônio histórico e cultural, seguindo os mesmos padrões de atuação adotados em projetos executados em todo o país.

É inverídica qualquer vinculação da Elysium a eventuais indicações políticas. A instituição é reconhecida nacionalmente por sua trajetória de mais de três décadas dedicadas à preservação e valorização do patrimônio cultural brasileiro, mantendo atuação independente e pautada por princípios de ética, transparência e rigor técnico.

Elysium Sociedade Cultural

Leia a nota do Jockey Clube de São Paulo enviada ao UOL na íntegra:

O Jockey Club de São Paulo é uma instituição privada, centenária, que presta e sempre prestou relevantes serviços à sociedade paulistana e brasileira. Devido ao seu caráter privado, quem o Jockey contrata diz respeito apenas a ele. Quando se trata de recursos oriundos de benefícios fiscais referentes ao restauro do patrimônio histórico tombado da instituição, todas as prestações de contas devem ser feitas de acordo com as regras legais e cabe ao poder público fiscalizar. Seria prevaricação não analisar devidamente as prestações de contas. Quando há erros, divergências ou fatos a esclarecer, cabe ao poder público solicitar correções e esclarecimentos seguindo os trâmites normais dos processos administrativos. 

Ocorre que há uma insana tentativa de manipulação da opinião pública. Dívidas que sabem não existir nos valores divulgados. Tentativas de proibir a histórica prática do turfe sob argumentos tão frágeis que rapidamente foram derrubados pela Justiça. Pretensão de diminuir em 90% o valor real do imóvel do hipódromo para justificar uma injusta e ilegal desapropriação. Agora uma acusação vazia de irregularidades para tentar transformar em escândalo processos de prestações de contas que mal se iniciaram e que estão ocorrendo dentro da mais absoluta normalidade. 

O Jockey, se e quando for notificado pela Prefeitura de São Paulo, irá esclarecer, com o mesmo rigor técnico e jurídico que pauta a história da entidade, todos os aspectos relacionados às prestações de contas da enorme, complexa e simbólica obra de restauro do maior complexo art déco do mundo e do maior edifício art déco da América Latina. Enquanto isso, continuaremos a denunciar os interesses nada republicanos que rondam denúncias vazias que buscam incessantemente pautar a imprensa séria, profissional e comprometida com o rigor das notícias. 

Marcelo Motta, presidente do conselho de administração do Jockey Club de São Paulo

Fonte: Mais Goiás

Deixe um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *