O engenheiro eletricista Guilherme Fernandes, de 30 anos, afirma que, na madrugada de sábado (15), foi agredido por policiais militares na porta de casa, na Avenida Esaú Marques, no Centro de Goiandira, após uma discussão política iniciada horas antes em um bar da cidade. Segundo ele, as agressões deixaram seis pontos na boca, um dente quebrado, cortes internos e o rosto bastante inchado. Parte da ação foi registrada por câmeras de segurança da vizinhança.
Discussão após comentário sobre política em bar
Guilherme conta que estava em uma roda de amigos na noite de sexta-feira, por volta de 22h30, quando um policial militar aposentado se aproximou. Eles conversavam sobre política, e o aposentado teria reagido após ouvir o nome do PT.
“Estávamos brincando, conversando, quando ele chegou. Eu fiz um comentário sobre PT, nada demais. Ele ouviu e ficou incomodado. Mais cedo já tinha tido uma discussão sobre política, então eu nem queria confusão”, relatou.
Ao voltar do banheiro, o homem teria confrontado Guilherme. “Ele perguntou se eu tinha algo contra ele. Eu disse que não. Aí falou que eu tinha falado de PT. Respondi: ‘O senhor acabou de chegar, eu já estava aqui’. Na hora, ele levantou e me deu uma cadeirada”, disse.
Segundo o engenheiro, a agressão continuou na rua. Para evitar briga, ele se afastou e correu. Guilherme conta que entrou no carro, dirigiu até o estabelecimento de uma amiga e ficou lá até ser informado que havia uma viatura na porta da casa dele.
“Quando cheguei, já vieram pra me algemar”
Ao retornar para casa, Guilherme disse que encontrou dois PMs fardados dentro de uma viatura, além do policial aposentado que estava no bar. “Quando desci do carro para me apresentar, eu já estava machucado, com um galo na cabeça. Assim que falei com eles, um dos policiais mandou eu colocar as mãos para trás e já veio pra me algemar”, contou.
De acordo com Guilherme, a partir daí começou uma série de agressões, inclusive atrás de uma árvore — ponto onde a câmera de segurança mostra que os policiais o levaram. “O policial que segurava meu braço me colocou na frente do outro. Aí ele começou a me bater sem parar. Minha cabeça bateu na parede, meu rosto ficou todo arrebentado. Minha boca cortou inteira, quebrou um dente, inchou tudo”, relatou.
Ele afirma que dois PMs o seguravam enquanto o terceiro o agredia. “Eu pedia socorro e ninguém fazia nada. Eles só seguravam meus braços para eu apanhar. Foram mais de dois minutos levando pancada. Eu estava rendido”, disse.
Entrada na casa e tentativa de silenciamento, segundo a vítima
Guilherme afirmou ainda que um dos policiais entrou na casa dele sem autorização, antes da agressão, e que o policial aposentado também esteve dentro do imóvel. “Eu nem tinha chegado e já estavam dentro da minha casa. Foi tudo errado”, denunciou.
O engenheiro diz que só não sofreu agressões ainda mais graves porque um primo, que estava no bar no momento da confusão, soube que a polícia havia ido à residência e correu até lá. “Ele chegou quando eu já estava apanhando fazia uns dois ou três minutos. Gritou e correu até onde eu estava. Se ele não chega, não sei o que poderia ter acontecido.”
Após o ocorrido, Guilherme disse que os envolvidos ainda tentaram impedir que ele denunciasse o caso. “Foram no hospital e ofereceram dinheiro para pagar o tratamento e tentar me silenciar. Mas isso não existe. É muito injusto o que fizeram comigo.”
O homem afirma que vai procurar a Corregedoria da Polícia Militar nesta segunda-feira (17) para registrar uma denúncia formal contra os policiais envolvidos.
Nota da PM
A Polícia Militar do Estado de Goiás (PMGO) enviou uma nota ao Mais Goiás, leia na íntegra:
A Polícia Militar do Estado de Goiás (PMGO) informa que uma ocorrência envolvendo dois indivíduos em um estabelecimento comercial foi atendida por uma equipe policial, que adotou as medidas necessárias para cessar o conflito e garantir a segurança dos envolvidos.
Após o atendimento inicial, as partes foram encaminhadas aos órgãos competentes para os procedimentos legais e demais apurações. A PMGO reforça que todas as ações foram conduzidas dentro da legalidade e que o caso segue sob análise da autoridade policial responsável.
A Corporação permanece colaborando integralmente com as investigações e adotará as medidas administrativas que se fizerem necessárias, conforme prevê a legislação vigente.
Fonte: Mais Goiás









